“És Tu que me fazes”
Quando penso no
meu dia de crisma,
penso,
"será que quando me casar vai ser esta correria?",
"será que quando me casar vai ser esta correria?",
em que todos os
dias vamos à agenda e passamos pelo dia como se fosse a primeira vez?
depois
simplesmente aconteceu e a pessoa não sabe como se expressar porque ainda está
a tentar relacionar tudo?
Dia vinte e três
acordo e a minha mãe pergunta-me pelo telemóvel,
diz-me que o
Bitão precisa de falar comigo,
fiquei nervosa,
senti como se
fosse o noivo a dar sinais
a querer dizer que
afinal não fomos feitos um para o outro
e que pede
desculpa,
mas era só um
padrinho que teve o azar ou a sorte de ter perdido o avião,
não há problema,
como não me ia
casar,
estava tudo bem.
E mesmo que o
noivo decida fugir,
o pai está lá
agarrar o braço e a dizer “bora, avança”,
a mãe está lá
para dizer “não te preocupes, está tudo bem, temos pelo menos o bolo”,
a avó que ofereceu
a vestimenta e diz sempre “serás sempre a mais gira de todas”
o avô que diz que tem a ementa perfeita,
a família que se
dedica porque sabem que aquele dia,
exatamente
aquele,
vai ser especial
para mim,
e fazem questão
de se dedicarem a cem por cento,
a humilde bondade
e dedicação,
foi deus que lhes
ensinou e eles ainda dão mais do que se está à espera,
isto foi tudo
deus que lhes ensinou…
eu entendi tarde,
mas a tempo.
Entretanto havia uma vigília para acontecer e lá fui de braço dado com o pai,
E assim se sucedeu,
se o pai ficou
orgulhoso,
a Tânia ficou
ainda mais orgulhosa.
Dia vinte e
quatro,
nervosa e ainda
um bocado confusa por não ser o Bitão o meu padrinho,
ali ao meu lado,
a dizer em frente
ao Clemente o meu nome,
e a mostrar que
estava preparada para receber o espírito santo,
Mais uma vez,
lá estava o pai
agarrar-me no braço e a dizer “bora, avança”,
e foi tão mais
especial,
e lá fomos os
dois,
receber o
espírito santo,
o meu pai tinha
que estar comigo,
Fico com dois
padrinhos,
melhor era
impossível.
Passa-se para o
almoço preparado pela mãe, pelo avô, o tio Lourenço e o Zé
mais uma vez,
a dedicarem-se
para me verem feliz,
porque sabiam que
estava a ser um dia importante,
e quando isto
acontece,
não há melhor que
agradecer.
pronuncia com a
maior humildade a palavra “obrigada”,
Olhar à volta e
ver que todos fizeram parte deste caminho que fui construindo,
que cresci muito
mais por eles estarem ao meu lado,
que sem eles não
tinha sido desta maneira,
que sozinha nada
acontece,
senti-me como se
tivesse num casamento,
admito,
mas foi só hoje,
e agradeço pelo
dia,
pelo grupo
Crismas e etc’s,
pelas pessoas,
amigos que fiz,
por mais uma vez
saber que tenho uma família,
que estará sempre
e para sempre,
que posso contar
com eles,
que não estou
sozinha,
finalmente,
é tão
confortante,
o crisma não é só
como diz a definição,
a “confirmação do
batismo”,
o crisma é
reencontrar a fé,
é reencontramos a
razão para continuar a estarmos dispostos a todos os desafios,
é pormos em
prática,
a teoria é a mais
fácil de se obter,
mas quando só se
tem a teoria e a conversa na ponta da língua,
nada interessa,
o crisma ajuda a
por em prática,
ajuda a
questionamos tudo o que nos aparece à frente,
ajuda-nos a
perceber que somos nós que temos que nos moldar ao mundo,
nada está contra
nós,
quando nós
próprios não estamos.
É difícil
acreditarmos em nós,
mas não
impossível.
obrigada.
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