Segunda sobre sexta.
O desafio estava lançado.
O programa era o prometido. Quem alinhou?
Pedimos a cada uma das 6 famílias que foram se podiam
partilhar afinal o que se tinha passado. E assim contamos pelas mãos deles.
A história começa contada pela
Mafalda:
Devagarinho
fomos chegando. Entrando naquela grande casa com um grande jardim. Uns com ovos
brilhantes em sacos, outros com miúdos envergonhados nas mãos. Meios arrastados
pela vergonha, mas curiosos.
Mesas postas,
tintas abertas e foi-se desafiando moradores da casa, miúdos e graúdos a pintar
os fantásticos “ovos” feitos pela Rosa. Os meus filhos pintavam animadamente os
ovos, e as mãos, a roupa, a boca, pois claro. Para o mais pequeno era uma
novidade mexer num pincel daquela maneira. Ao meu lado uma jovem da casa dizia
“eu não pinto porque não me quero sujar”, eu rindo-me disse: “estás no sítio
errado porque estes dois estão animados” e a resposta foi um sorriso aberto e,
permaneceu no mesmo local!
As canecas
foram um sucesso, entregues numa roda alargada, as palavras eram poucas (não
falemos do “cheira mal” ) mas as gargalhadas já eram muitas.
Daí partimos
para a caça aos ovos de chocolate. Pequenos e grandes apareciam do meio das
ervas com papeis brilhantes e coloridos. Mãos sujas de chocolate, prontas para
atacar o lanche.
A tímida da
minha filha quando cheguei ao refeitório já estava sentada na mesa de pão na
mão. Integrada. No meio de todos aqueles que eram, na sua maioria, maiores que
ela. É significativo de uma casa acolhedora, com colaboradores a transmitirem a
confiança, o carinho e o conhecimento de quem cuida e ajuda crianças a crescer
e com jovens e crianças disponíveis para estas maluquices de mãos cheias de
chocolate. Tarde cheia. Que melhor para uma sexta feira-santa?
Depois pelos olhos da Catarina:
Como seguidora
atenta desta família que me inspira e com o bichinho para o voluntariado, de
outros tempos nos Grupos de Jovens da Verbumdei, não fiquei indiferente a este
desafio e achei que era a altura certa para o fazer em família, e voluntariei-nos
mesmo sem perguntar a ninguém!
Entretanto
surgiram outros programas, outras ideias também aliciantes para esta Sexta
feira à tarde, mas nada podia ser mais importante do que passarmos uma tarde
juntos a fazer algo pelos outros, e mostrar às nossas filhas que podíamos levar
um pouco de nós a outros meninos que tal como a Carolina (7) e a Francisca (4)
só querem e merecem ser felizes e ter dias especiais, que os marcam e enchem o
coração.
Levamos connosco
um saco com ovinhos e coelhinhos de chocolate para esconder, levamos também um
bolo de chocolate ainda quente para a o lanche (o bolo que não falta nos nossos
dias especiais).
Chegamos e vimos
um grupo, um grupo grade onde não se sentia que havia os da casa e os outros.
Todos estavam a pintar ovos, havia sorrisos, gargalhadas, tinta muita tinta,
ovos que ganhavam vida à medida que eram coloridos.
Numa roda foram
oferecidas as tais canecas com a alcunha de cada um aos meninos da casa, e
estes apresentaram-se uns aos outros, e fizeram perguntas a quem quiseram! Os nomes
eram alcunhas desde “monstro das bolachas” a “blue eyes chocapic”, delicioso.
Todos juntos
correram pelo jardim fora à caça dos ovos, todos juntos grandes e pequeninos
entreajudaram-se a encontrar mais ovos, mais smartis, mais surpresas! Deram-nos
também uma lição, os que tinham mais estavam atentos aos que tinham menos, ou
que ainda não tinham encontrado e partilhavam e dividiam, os sorrisos
cresceram, os brilhos nos olhos contagiavam-nos.
Todos juntos
lanchamos, adorei ver o bolo desaparecer num instante! Todos juntos brincamos,
no parque infantil, no campo de futebol.
No fim da tarde o
nosso saco vazio de ovos e de coelhinhos de chocolate vinha cheio e pesado.
No caminho para
casa percebemos que o saco estava cheio de pequenos momentos que cada um dos 4 contou,
que a cada um marcaram, cheio de vontade de repetir e de voltarmos a sair de
nós para nos darmos aos outros. Sabemos que não temos tanto quanto gostaríamos
para ajudar, mas percebemos também que com pouco damos muito e recebemos ainda
mais.
Dar tempo é
receber sorrisos, dar atenção é receber histórias, dar colo é receber amor. O
nosso saco vinha agora mais doce do que quando estava cheio de ovinhos de
chocolate.
A tarde de ontem
transformou-nos aos 4!
Depois conta o Fernando que foi no tour de conhecer a casa,
os quartos e tudo mais. Conhecer os meandros e perceber melhor como vivem os miúdos.
E diz cheio de sentido:
Antes de mais
começo por vos dar a definição de irmão: título de fraternidade que os homens
podem dar-se mutuamente; pessoa muito amiga da outra; igual; semelhante.
A Margarida,
os miúdos e eu só temos de vos agradecer. Agradecemos-vos por serem uma família
forte, unida, solidária, amiga. Sentimos que estava entre uma grande família
onde os mais velhos e os mais novos se entre-ajudam.
Muitos de nós
pensamos: "- Mas eu não escolhi esta família!"
Ninguém
escolhe...
O mais
importante são aqueles que acompanham o nosso crescimento, são eles que definem
a nossa maneira de ser, que nos ajudam a criar e a preparar o nosso futuro,
ajudam-nos a ser compreensivos, mestres e professores da escola da vida.
Fiquei
contente por ver que alguns de vós regressa à casa que vos acolheu, sabendo que
vão sempre encontrar um lugar na mesa e o mesmo sentimento de irmandade à vossa
espera.
Mais uma vez
obrigado a todos por nos mostrarem que os irmãos nunca são demais!
E a Sofia que levou três mini que nem os meus diz:
Que tarde
maravilhosa a de sexta-feira, era dia Santo e, foi um Santo dia para nós.
Mudámos a
nossa tradição deste dia e em vez de mexilhões para encher a barriga enchemos o
coração, o nosso e principalmente o dos nossos filhos. Viemos com a sensação de
termos recebido MUITO mais do que demos, será?
E acabando em beleza a Madalena
remata:
Acho que
não foi a presença de cada um que fez a diferença mas a de todos juntos, como
se fosse uma festa surpresa para todos os jovens do centro de acolhimento. Foi
muito bom poder fazer parte.
E concordo Madalena, o segredo esteve no conjunto. Obrigada
a todos por terem vindo. Começar e sair de casa é sempre o que custa mais.
Depois chegar e aquele misto de excitamento e nervosismo do “será que vai
correr bem?”.
Correu. A tal magia aconteceu e agora não largam as canecas.
Diz-nos a Soraia monitora de lá que nem querem usar com medo de as estragar.
Pró ano há mais, ou quem sabe antes.
e acabar com o desenho maravilhoso da Francisca sobre o que foi para ela o dia.
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