Incrível ou não?!

Fomos comprar bilhetes para o teatro. A Rita queria ensinar uma das miúdas a fazê-lo e por isso ela conduziu a conversa. Perguntou idades mínimas, descontos de grupos, lugares e preço, tudo certinho. Demos-lhe o dinheiro e sobrava um euro de troco, recolheu os bilhetes e o talão e devolveu o troco. Dei-lhe de volta o euro, chamei-lhe taxa de serviço e ela agradeceu. Dez passos à frente havia um mendigo na rua, ela não pensou duas vezes e deu-lhe.

Stop na historia e, como nos filmes, voltamos a 1 hora antes.
Decidimos que íamos convidar a criançada a ir ao teatro, não é um programa habitual e em vez de os enchermos de presentes que não sabemos se gostariam, daríamos experiencias de vida. Ideia validada e toca a comprar bilhetes. Enfiamos-nos as três no carro em busca da bilheteira perdida - por alguma razão divina a rita não encontrava o raio do sitio onde os bilhetes estavam à venda e no meu telefone só me apareciam resultados do brasil quando procuravas patrulha canina salamanca. Voltas e mais voltas e vamos pondo a conversa em dia. A sandra (15) não percebe português e eu tenho um espanhol que coitadinho por isso basicamente falava em português com a rita e nos intervalos íamos dando uns toques à Sandra sobre cenas da vida, telemóvel uma delas como é na vida de todos os jovens. Aparentemente está sem saldo e não pode ligar ao namorado, so aceitar chamadas, tem a semanada em atraso mas ta visto que mesmo que a tivesse em dia não chegaria, precisava de mais 5 euros. Ela não reclama com isso, sabe as regras estavamos só mesmo a conversar.

Nos entretantos em português a rita perguntava-me de onde vinha o meu gosto por causas sociais, se era de nascença ou não e como achava eu que se incutia aos nossos. Disse-me que o ano anterior tinha sugerido algumas acções de voluntariado às mais velhas mas ao mesmo tempo não queria impor. Afinal elas já moram com irmãs, numa instituição e usam roupa doada, chega de razões para exclusão social. A minha opinião e que se deve deixar a sementinha disto e do resto e cresce o que tiver força e os fizer felizes. Discutíamos isto e aquilo e finalmente chegamos à bilheteira.

Voltamos ao princípio e foi mágico. Depois da conversa e, quando a vemos afastar-se para se aproximar do mendigo,  olhamos uma para a outra e rimos. Grande gesto Sandrinha.

De volta à carrinha ligamos a outros dois que podiam precisar de boleia para casa e, sendo que estamos na rua, toca a saber. Outros dois entram, dois segundos depois a Ascem (14) vê da janela um sem abrigo e reclama que lhe custa ver gente a pedir nesta altura do ano com tanto frio, continuou e disse que devíamos sair à rua e dar comida a estas pessoas, a Sandra reforca ainda com um "e conertores". [Dois - zero em em menos de 15 minutos.]
Mais um sorriso entre nós e a promessa de tentar cumprir esta ideia.

Amanhã de manhã é o dia. Saímos à rua e vamos dar um lanche feito por elas às pessoas que encontrarmos na rua. 

Incrível ou não?!

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