Paciência [que não tenho]

Um dos efeitos disto tudo em mim é a falta de paciência.
Temos de empenhar tanta em esperar por resultados, pelo médico, pela hora da visita, pela fase seguinte e por tudo. E quase que fico seca para o resto.

Uma parte do resto são banalidades. Outra parte são essenciais que também não têm a culpa e custa falhar-lhes a eles. E parece que se torna num efeito bola de neve.

Todos nos dizem, e sei bem, que é uma prova de esforço, que o percurso se faz caminhando e que é preciso tempo. Todos querem ajudar e todos querem saber. E esses todos ás vezes de tanta ajuda acabam por nos quase sufocar. Se calhar se não dissessem nada ia sentir o contrário. É a tal fase em que estamos sempre insatisfeitos, até que o feito se satisfaça.

Os miúdos querem colo e atenção e eu impaciente ando a fugir deles. A minha tanica tem sido assoberbada de tudo o a que eu não consigo chegar. E o joka esse coitado tem de me aturar e de avaliar a cada momento o mood certo. Nem sempre acerta, nem eu.

No meio disto a tanica tirou a carta e não fiz um festão. O manel tá em delírio e eu tenho reagido apaticamente a todas as emoções. O zé pela primeira vez na vida fica a chorar na escola e eu finjo que não percebo bem. O xavi, por estranho que pareça, parece o menos destabilizado no meio da maralha.

Já passamos por isto há uns anos, mas era a mãe dele. Não tínhamos filhos, tínhamos o manel no forno. Tínhamos mais tempo para dedicar às incertezas do caminho. Agora há pouco disso.

Parece injusto que tenha de prejudicar alguns dos meus. Já chega o problema em si.

Não somos os primeiros nem seremos os últimos a passar por isto. talvez nunca se venham a lembrar eles. Não é drama e vai-se resolver, mas fica o desabafo deste tempo do verbo mais que imperfeito.


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