ir e não ir

o combinado era irmos no fim de semana todos juntos e o entusiasmo era mais que muito.
não estamos todos juntos naquela casa de férias desde que descobrimos que a mãe estava doente.
esta época nem chegámos bem a estar, ainda estavam uns a chegar e assentar quando rebentou a bomba.
íamos este fim de semana. está mau tempo mas não fazia mal. os habituais jogos de tabuleiro e as cartadas substituíam as tardes de lagarto ao sol. cozidos por gelados e lareiras por mergulhos.

acontece que hoje a mãe acordou com muitas dores e não está em condições de ir. sabemos que as dores têm de ser muitas para ela desistir assim. andava a planear isto há dias, tinha tudo alinhado. esta mudança de planos parte-nos a todos o coração. pelo que não acontece e pelo que não podemos fazer para melhorar a situação. 

esta impotência de ver alguém de quem tanto gostas sofrer é uma aprendizagem que não queria ter. nem hoje nem nunca. não percebo bem como isso me vai tornar uma pessoa melhor. 
será que vai? tenho tentado com muita convicção ver um lado bom em tudo.
tenho visto muito amor mesmo na dor. mas será isso em si uma aprendizagem que valha a pena?

não sei. sei que não me é dado a escolher.
o que escolho é continuar por perto e tentar não perder uma oportunidade de minimizar o difícil.




Comentários

  1. sentimo-nos tão impotentes.
    um dia de cada vez e tentar não sofrer por antecipação (sempre que possível).

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