2/23/2015

Missão País

Vim das missões e aconselho a qualquer pessoa, seja ela religiosa ou não. 

Muitos não devem fazer a mínima ideia em que consiste as missões, eu só tinha ouvido falar, não sabia profundamente o que era. No entanto, como sabia que o objectivo era fazer voluntariado, aceita-se sempre e a vontade é sempre dizer sim.


Vai-se portanto para uma aldeia e procura-se ao máximo as suas necessidades para que depois nós, missionários, possamos ajudar.


Fomos para Moura ajudar e participar nas actividades de Moura e assim distribuídos pelas instituições que existem por lá. Eu fiquei no lar S. Francisco, ao início pensei, o que é que podemos fazer para mudar o dia deles, muitos deles não se mexem, nem nos devem querer ouvir ou já não querem saber se estamos interessados em estar ali para eles.


 Mas surpreendi-me, fomos a pequena felicidade do dia deles, passávamos os dias a ouvi-los, muitos tinham Muitas histórias por contar, só precisavam que alguém os ouvisse, outros achavam que já não tinham nada a dizer, achavam-se velhos e nós tentamos mostrar-lhes que estávamos ali porque eles não eram "velhos" e que na testa não dizia, "já não valho nada", pelo contrário, valem muito mais que muitos de nós que desperdiçamos a nossa vida com coisas inúteis. 


E nós que vamos com a intenção de ajudar e sermos úteis e que eles possam beneficiar da nossa disponibilidade, a coisa inverte-se, os voluntários é que acabam por usufruir e quando tudo acaba, ficam os idosos mais uma vez sozinhos. Isso deixa-me bastante triste e só me apetece trazê-los para minha casa e dar-lhes toda atenção, encher-lhes de beijinhos e ficar três horas a ouvi-los, eles adoram atenção e isso para nós lhes disponibilizarmos não é nada. 


Para além do voluntariado, as missões ajudam-nos a estar com Deus, a pensar mais nele e a falar mais com ele, também ajuda a estarmos mais connosco, a pararmos e rezarmos um bocado por nós e pelos nossos, ajuda a pensar na nossa vida e chegar à conclusão que ainda há tanta coisa a melhorar e organizar. Não só, serve simultaneamente para quem não é religioso, pois ajuda-nos a Pensar em nós, a organizar os nossos planos de vida e tem a parte do voluntariado.
Na minha cabeça só me passa a vontade de ter ficado mais uma semana, mas esta semana foi óptima para me reencontrar e reconhecer muita coisa perdida.


Agradeço a todos da ESEL e intrusos que me acompanharam nesta experiência. 
Obrigada Deus por mostrares o teu poder e a tua humildade, estamos juntos.

2/18/2015

em missão

Foste domingo num misto de contente e nervosa, passadas umas horas estavas só delirante. não precisas de dizer ouve-se na voz.
nós ficámos com a promessa de que te íamos buscar a correr se mudasses de ideias.

o manel pergunta por ti a toda a hora, às vezes digo que foste de férias às vezes que foste trabalhar. ele diz que o trabalho dele é na escola [meio indignado por teres de ir trabalhar para longe]. também já lhe disse que foste ajudar velhinhos que estão sozinhos num sitio muito longe, mas essa que é a verdade deixa-o um bocado confuso, depois explicas-lhe melhor.

quando perguntaste se podias o primeiro instinto foi dizer que sim, como dizer que não a uma missão de voluntariado que nos constrói por dentro?! depois pensei nas explicações, na matemática e que já só faltam 3/4 meses. afinal a missão se calhar devia ser outra. precisei de alguns minutos, vários. falei com sr teu pai e sim, vale a pena ir em missão e crescer. depois cheia de força voltas aos estudos [esperemos que essa força não falte ;) ]. era qualquer coisa nessa linha que ontem também diziam no teatro do princepezinho que fomos ver e confesso que como ainda me preocupava a matemática o princepezinho lá me sossegou. umas horas depois volto a pensar que no planeta dele não há contas, nem números e o amor daquela rosa não vai mudar o desta também não muda por ti, já a contas não tenho tanta certeza. enfim, o melhor é não pensar mais nisso.

vai ser bom, já está a ser. estás feliz e aposto que a espalhar isso por essa terra no meio de nada. porta-te bem e volta, não sei quantas mais coisas posso ainda inventar ao manel até chegares.

2/17/2015

Diário de uma grávida de 8 meses #1

Às vezes em frente ao espelho, de frente [de noite] não pareço grávida e é o delírio. Desfilo parada, faço imensas poses. Vale tudo.
Depois numa pose mais ousada estico a perna para o lado e lá se vai o encanto. Olhas para baixo e lá está o mega melão que te dá pontapés horas seguidas.
É um milagre a gravidez, não há dúvidas. Mais milagre seria conseguíssemos que saísse de um corpo de sereia e nesse caso até podia durar 10 meses.


2/15/2015

namorados primos e casados

nunca liguei ao dia, nem tu. nunca festejámos mas este ano fizeste questão.
disseste à tânia que lhe pagavas jantar com amigas, pusemos os miúdos na cama e toca a ver o futebol.
quase ganhavam mas empataram mas nem isso te tirou o ânimo.
raqueletes era o combinado. compraste um óptimo vinho, pusemos a mesa em grande com velas e flores como temos direito.
jantámos durante horas, brindámos, conversámos e acabamos a dançar como acabávamos muitas vezes quando éramos só nós dois.

na verdade acho que a tua ideia era manter-me em casa sem ficar maluca. foste querido. obrigada meu amor, meu namorado piroso.


2/14/2015

Farta de ti

Eras pequenino quando vieste e foi a loucura. Foste uma surpresa quando parámos no entroncamento. Achei que ia buscar livros vim com um rato. Coisa mais querida que eras.

Tratei de ti como um recém nascido. Muito colo. Uma cama xpto, ração que parecia foi gras. Saco de água quente para dormir, um relógio para embalar e noites atrás de noites mal dormidas. Começou bem portanto.

Depois cresceste, mais e mais e mais e ficaste gigante e chato. Por muito amor que te desse querias sempre mais. És carente. Um chato. O João diz que achas que és gente, talvez porque de caçar és fraquissímo.

Se vem cá alguém não sais de cima e como bom cão escolhes sempre os que menos gostam de cães. É genial. Houve alturas em que te dávamos calmantes, dos legais mais uma caixa inteira. Nada. Continuavas com essa energia inesgotável que me esgota a paciência. Raios.

Depois vinha aí o manel e o instinto maternal apurou-se, ganhei mais paciência. Na noite em que ele nasceu ficaste doido em cima da minha barriga, sabias bem o que aí vinha. Tal como és o primeiro a saber que estou a espera de bebé.  Com eles começas devagarinho. Primeiro só deitado ao lado a controlar, depois lambes pés e orelhas e passados uns meses já te enrolas nas camas deles se não tivermos atenção.

Agora acordo e saem todos menos nós. Olho para ti, tu para mim e só te quero ver pelas costas! Foi-se a paixão. Abro a porta e suplico para ires. Vais e voltas 10 minutos depois e já não te posso ver. Já te disse mas acho que não percebes ou então finges que não queres saber.

Depois chegam os miúdos e quase me esqueço de ti até que um deles te agarra e diz que teve saudades. Te dá bolachas, te explica o desenho animado ou te vira ao contrário e tu aturas tudo.

Golo, já estou farta de ti. Desculpa. Tenho multiplicado a espécie e estás cheio de mini pessoas que compensam por mim, combinado?

2/07/2015

Slowing down

Sabes que vai acontecer, vais ter acalmar. Jogas com o limite essencialmente porque não sabes até onde esticar, e vais testando.
Consulta marcada e quase advinhas o que te vão dizer mas ainda assim não queres acreditar. Pouco líquido, bebé pequeno, hora de parar. Pimbas.

Faltam 7 semanas não é o fim do mundo mas a verdade e que me custa parar. A minha cabeça fica doida, sinto-me sofucada só de pensar em ficar de pés para o ar. Cena maluca se pensarmos que estou doida por meses de licença cheia de tempo para mim, para nós, para todos.

Começo a fazer listas de coisas a fazer e faço-as devagarinho para a lista não acabar. Segurança social, centro de saúde, imposto único de circulação, encher o pneu do carro, arranjar uma alcofa só porque me quero entreter, lavar roupa de bebé, devolver roupa emprestada aos outros, acabar letras e livros do doman, mais cenas disso... 7 semanas deve dar, vamos juntando o que surgir.

Para já fica o aviso: dois litros de água por dia, descanso e nada de caminhadas. 3kg no bucho mas mesmo assim decidiste não crescer tanto como devias, feio. E já estavas virado mas decidiste virar de volta para me chatear, teimoso. E escondeste a cara para não te ver, cheio de personalidade. Vais ser torcidinho tou a ver.

Passámos do santo do né para o teimoso do zé e agora tu- o sacana. A tânia como boa mulher e um misto de todos, varia ao dia ou à semana, como seria de esperar.

E pronto xavier, parece que vai ser como queres vou ficar sentadinha à tua espera. Não sempre mas muito. E tentarei não ficar louca mas já sabes que se ficar quem me atura és tu. Afinal os próximos meses são nossos.

2/06/2015

Sem jeito

O meu filho Manel iniciou há uns meses uma carreira no ciclismo. O padrinho ofereceu-lhe mega bicicleta com rodinhas. Num sábado de manhã como qualquer outro, ele do nada pediu-me para andar. Claro, pensei eu. Ele anda, dá umas voltas enquanto eu facebooko (sim é um verbo que se vai usar) no phone i. Que dificuldade haveria? As rodas estão sempre no chão, são 4, impossível cair. Não é como a natação que te afogas se não consegues.

Preparado para arrancar, qual Dotore Rossi, ficamos num impasse. Eu a olhar para ele e ele a olhar para o chão. Ok, esqueci-me de explicar a dinâmica deve ser isso. Depois de explicar a fisica e dinâmica da situação voltamos à partida. Eu a olhar para ele e ele a olhar para o chão. "Força" grito eu.. nada acontece... Ainda pensei 2 segundos que se calhar a bicla tá estragada, mas depois volto à realidade do faltar jeito, como na natação, como a dar cambalhotas, como no judo....

Empurrei-o e começou a andar. Sucesso! Os pedais em movimento, 5km\h, impecável... No entanto olhos do Manel continuam a olhar para o chão. A bicicleta dirige-se contra a parede. "Trava" grito eu como se o puto soubesse travar. Pumba! parede com ele. Eu a correr atrás tropeço e parto-me todo no chão.

Silêncio... Olhamos à volta, e ninguém parece estar a ver. Olhamos um para o outro e concordamos com um olhar que só existe entre e pai e filho. Ninguém viu, não está a ser giro, tentamos daqui uns meses outra vez, ok? Combinamos isto sem abrir a boca e não contamos a ninguém....

O jeito é genético. Somos os dois felizes na mesma....

2/04/2015

Ratos para pulgas

A duas semanas do manel nascer cismei que tínhamos ratos em casa.

A verdade é que tinha dois ratinhos amoros de peluche no berço à espera do piqueno, mas a ideia de ter um peludo verdadeiro era só assustadora. 


Virei louca (às tantas já era) e fui a drogaria gastar mais dinheiro do que nas fraldas do primeiro ano para acabar com ele. Ratoeiras, cola xpto para agarrar os ratos e mais não sei quantas armas de guerra. Comprei queijo brie porque imaginei um rato sofisticado, apesar de o ter apanhado pela sua selvajaria a deixar cocós pela casa.
Coincidiu com os anos do João e lanche com 30 pessoas lá em casa. Timming perfeito para uma louca por um plano em prática. Armadilhei tudo debaixo dos sofas e cómodas, não se via nada e caso decidisse aparecer para o festim estava assegurado. Perfeito achei eu no auge da minha inteligência gestacional.


Tudo montado e 10/15 minutos depois da festa começar aparece o golo cheio de cola e cartolinas apanhado a tentar comer o brie. Grrrrr a tal super cola que cola ratos colou o golo e ou ficava com uma cartolina na tola para sempre ou sem pelos do focinho. Claramente a segunda opção, até porque a primeira era difícil de explicar aos convidados.

Passados alguns dias e depois de reforçar o brie já sem golo, nada de rato e nada de rasto dele. Às tantas assistiu à cena e fugiu sem tentar o queijo. Ou não era rato de brie.

 Mantivemos os ratos de pelúcia e a vida continuou.

Agora está a chegar a hora do xavi e tenho uma suspeita igualmente histérica de pulgas. Até hoje não tinhamos tido destas alegrias apesar do cão se misturar connosco há quase 6 anos.

Estou a engendrar um plano robusto a ver se ela (que na verdade podem ser milhões) salta de lá para fora rapidamente.

2/03/2015

Filhofax né

Sabe de todos os recados da escola mesmo antes de chegarem.

Sabe exactamente as aulas que tem a cada dia da semana e os eventos sociais. Conta os dias para cada um deles. A tania ensinou-lhe os dias da semana e parece uma agenda. Se lhe mudamos os planos é bom ter um argumento estudado ou vai ser difícil explicar.

Ontem disse que hoje era o tal dia da aula de ginástica que os pais ou avós podiam assistir. Shit. Realmente recebi um email mas estava noutra. Lupa no email para encrontrar as horas e pimba calha mesmo à hora da minha reunião com os não sei quantos xpto. Ligar à avó a pedir aparição de urgência e avó safa.

Espetacular.  Passou a manhã a ensaiar corridas e saltos para mostar na aula. 

A avó foi e é o delírio. Obrigada meu filhofax né. Um dia organizas as gavetas lá de casa e ficamos os dois contentes.

2/01/2015

Um dia vou chorar

E provavelmente vão ser horas e horas de choro.
Vou chorar quando vir que por mais que tentes não consegues.
Quando tiveres triste. Quando gozarem contigo. Quando estiveres perdido. Quando não te souber ajudar. Quando fizeres o que não deves. Quando te envergonhares. Quando estiveres sozinho. Quando tiver de me readaptar, ou quando tu tiveres de o fazer. Quando não fores escolhido. Quando não te deixarem estar.
Tenho um medo terrível desse dia.
Não é que não saiba que há uma grande probabilidade de acontecer. Não sou parva.
Não choro hoje, não por não saber que esse dia pode chegar. Nem porque sou forte ou heroína.
Tal como quem foi diagnosticado com alguma coisa grave ou que teve um exame que correu mal, choro quando vier a nota e até lá vou sempre acreditar que vai dar para passar.
E mesmo que seja doloroso vou lutar.
Não choro hoje porque não quero chorar e não faz sentido.
[Escrevi a pensar no zé, mas quando reli vejo que na verdade é para todos]