9/24/2015

Parabéns Titio Manel

Hoje faz anos o Tio Manel e é uma data importante para ele e para nós.

Dá para aproveitar o dia de anos para dizermos aquelas coisas mais melosas que não dizemos no dia a dia (o que devíamos).

Manel, ou Tio Manel, como preferires, gosto tanto de ti e já te conheço há algum tempo e ainda nem fazia parte da família.

Foste tu que deste continuidade aos passeios aos fins de semana que a mãe fazia connosco,
eras tu que nos ias buscar à instituição,
eras tu que te lembravas do carinho e esforço da mãe e quiseste continuar.

Agora és tu o meu tio de trinta anos, de quem tanto falo e que tenho um orgulho enorme em chamar de tio e ainda por cima ficam a olhar para mim do género “como é que tens um tio tão novo”, “tio ou primo?”.

Lembro-me perfeitamente de me perguntares se me podias chamar de sobrinha, se era para assumir esse “papel”, nem me lembro o que respondi porque fiquei meia nervosa por estarmos a falar disso, mas ainda melhor foi o sentimento que senti e ainda agora o sinto quando me lembro, foi a pergunta mais parva porque é inquestionável, mas a melhor pergunta que me fizeste.

E tal como as perguntas parvas que fazes, és tu, só te imagino a ti a falar diretamente das coisas e sempre com orgulho, tens um ar de “effectomollado”, mas és sensível,
és muito ligado à tua família e aos teus amigos, estás sempre atento e preocupado e isso aprendo contigo.

Parabéns, um homem de virtudes, 
já deste trabalho à avó na altura certa,
ótimo tio, 
agora fico à espera de sobrinhos, 
mas antes casa-te só para não ser chato.


Adoro-te e até já.





Acabar com os mitos

Caríssimos,

Nós homens somos sempre considerados uns verdadeiros mariquinhas quando estamos doentes. Quando a temperatura passa os 37º, dizemos que estamos com febre, e aproximamos-nos lentamente para uma morte certa. É um facto que somos mais frágeis do que as mulheres e que provavelmente, tornamos qualquer pequena doença, febre ou indisposição, num drama qualquer de altas proporções. Isto não é um mito. Acontece, em geral, com muitos homens. No entanto, aconselho que este processo continue. Para isso vou relatar o que aconteceu comigo, e porque é que sou traumatizado nestes assuntos.

Decorria o ano do nosso Senhor de 2012, mais propriamente no mês de Setembro. Los amados tinham uma vida atarefada. O Zé Maria tinha nascido há duas semanas, eu estava em pleno MBA e férias nem vê-las.
Eis senão quando, no dia 10 de Setembro de 2012, chego a casa pelas 18 horas queixando-me duma ligeira indisposição. A Rosinha, com todo o seu mau feitio e falta de paciência seu amor e afecto para comigo, diz-me com um ar de quem não quer aturar mais uma criancinha de compaixão e pleno amor "isso é fome, já passa!". Concordei com hesitação, mas confiei. Trata de miudo A e depois de miudo B e ainda do cão e passamos à mesa, para colmatar a fome e ficar em forma. Na verdade não consegui comer muito, e comecei a ter uma ligeira febre e dor de barriga. Como qualquer homem dirigi-me para o sofá e deitei-me de barriga para baixo e emiti vários sons de sofrimento e desconforto. Toda a situação levou a Rosinha perto do desespero  a ter que ganhar paciência redobrada para me aturar. Na verdade tinhamos dois bebés em casa, um deles recém-nascido. O que valia eu, naquele momento? Muito perto do zero e a caminhar para negativos....
As dores aumentavam até que a Rosa se foi deitar, e eu tomei a opção de resolver o assunto à força. Sim, sou  hipocondríaco   preocupado com a minha saúde e tenho uma pequena farmácia privada com comprimidos de várias cores. Utilizei-a com bom senso e fui descansar na esperança de resolver o assunto. Consegui permanecer 5 minutos na cama e levantei-me cada vez mais mal disposto e agora com dores que me faziam ganir ligeiramente. A Rosa insistia: " Acabei de ter um filho de  não sei quantos quilos e não me viste fazer essa figura, pois não? . Era verdade... Senti-me um mariquinhas e a partir daí comecei a aguentar e a calar... Perto das duas da manhã, fui bolsar ligeiramente para a casa de banho, como quem dá um golo pequeno num leite estragado. Fiquei mais confortado e pensei que tinha uma intoxicação alimentar. De facto, como mandam as regras da intoxicação alimentar expeli coisas do meu corpo de várias formas e feitios, de várias e cores e texturas. Um cenário dantesco, que por muito que eu tentasse era tudo menos silencioso. Assim, pelas 3 da manhã começo a ouvir berros e avisos recomendações assertivas da minha querida mulher para fazer menos barulho para não acordar os miúdos...

Depois de cerca de 30 segundos de conforto, comecei a ter dores alucinantes de barriga. Mais um ou dois berros de dor, e respostas de "XIUUUUU!" da Rosinha. Parecíamos claques de futebol, entoando cânticos desagradáveis entre sectores diferentes dum qualquer estádio de futebol.

São 6 da manhã. Estou desesperado. Não me consigo mexer. Penso pela primeira vez que não consigo fugir do cenário hospital. Tento abordar com calma a minha bruxa sonâmbula bela adormecida para me ajudar a ir para o hospital. Não funcionou. Como era óbvio, tinhamos que esperar pelos miúdos acordarem, deixá-los na escola e depois logo se via.... Verti a primeira lágrima... Esperei...

São 8 da manhã. Vou acordar os miúdos, e fingir que foram eles que acordaram sozinhos. Inicio o ritual da largada para a escola. Não aguento as dores. Estamos a sair de casa, uma luz ao fundo do túnel...A Rosa obriga-me a por uma máscara para não passar nada aos míudos. Não percebo, mas aceito. Naquele momento era capaz de tudo para ter uma boleia para o hospital. A Rosa vai deixar os míudos à escola enquanto eu fico no carro à espera. 20 MINUTOS!!! Tá tudo a gozar comigo, penso eu... Vamos para o hospital.... A Rosinha dizia que era fita... deixa-me à porta do hospital e diz que me vem buscar mais tarde, depois de ser visto.

Perguntam-me no hospital porque tenho uma máscara e eu respondo que não sei. Deitam-me numa maca e dão-me drogas. Ui ca bom! Vou fazer exames.... Apendicite aguda! Bem me parecia, pensei eu, que não era nada de comum... Fico sozinho no hospital numa sala e a partir daí tenho poucas memórias. Só sei que fui operado ás 20 horas. Dizam-me que seriam dois dias de recuperação e ficava impecável. Fico reconfortado e mais descansado....

Acordo nebuloso da operação, como quem está num nevoeiro intenso com a maior bobadeira da sua vida. Levanto-me da maca e peço a uma enfermeira um abraço. Só aí vejo a realidade. Olho para baixo, e tenho 2 tubos a sair da minha barriga, e uma bolsa com liquidos viscosos entre o laranja e o encarnado... Acordo novamente umas horas depois e explicam-me: " Ah e tal, parece que explodiu e está infectado. Pumba!

Resultado final: uma peritonite aguda, 15 dias de hospital, tubos, febre e mais dores....

Portanto, senhoras, mulheres, esposas. Quando o vosso homem se queixa, ajudem-no. É que às vezes as vossas regras são mitos. E o meu papel aqui é acabar com os mitos que prejudicam os homens.

E tenho dito....

9/22/2015

histórias entre amigos

jantar de amigos e para amigos, os dois. a tania juntou e a coisa rolou. nem conheces a malta assim tão bem mas arriscas. escolhes a melhor toalha, jantar caprichado [como dizem os brasileiros]. dás uma geral na casa e organizas tudo para os receber de coração cheio. e lá vêm eles. um a um. convidados dela, meus e nossos.
miúdos na cama e festarola. conversa puxa conversa e um copo de vinho.
historias disto e daquilo. risotas de quando estivemos em moçambique, no brasil ou noutro lado qualquer. viagens que se fazem a viajar nas histórias dos outros.
partilhas de tudo e de nada que acabam no sonho do joão de estar grávido, tudo o que queria e o que mais temia. histórias tontas e mais um copo de vinho.

isto e nisto por horas. horas à mesa de conversa. os melhores jantares.

acontece muito quando moramos fora e damos-nos espaço para conhecer toda a gente e ouvir as suas histórias. depois voltas ao teu mundo e no meio de tantos bons e velhos amigos, com família à mistura, esquecemos-nos que podemos e devemos continuar a conhecer mais gente. gente gira, gente nova, gente surpreendente. gente amiga que se tornam amigos da gente.

foi o nosso jantar de ontem. isso e tiborna de bacalhau com bom vinho.

obrigada querida tania por nos lembrares de convidar. [e por me ajudares a preparar tudo como manda a regra]





[obrigada ao pai pelo jantar, perguntei onde comprar carne à segunda e traz-me tudo feito]

9/14/2015

O óptimo é inimigo do bom

Raios, sempre detestei esta frase. Se podes ter óptimo porque ficas contente com bom, ainda mais tentar a perfeição diz que é coisa de inimigo. Não se percebe. Nunca percebi, até ter filhos.

De repente tornou-se claro que era espetacular que lhes pudesse dar o melhor mas às tantas o que tenho é só bom e esfolavamos-nos a tentar o óptimo provavelmente sem sucesso.

Tipo pensas que se calhar o ideal era andarem todos em escolas privadas xpto mas vão ter se ficar pelo bom porque não há dinheiro para tudo.
Que não concordas com tudo da escola mas não conheces melhor.

Que crescem tanto que o melhor é comprar roupa folgada e disfarçar.
Que o curso ideal era aquele mas conseguiu este já não é nada mau, é top.
Que gostavas que ele tivesse 57 terapias mas não dá, faz as que dá e pronto.
Que era óptimo fazerem ginástica fora da escola que só pode fazer bem a tudo mas só de pensar em levar e trazer confundes o óptimo com o pesadelo.
Óptimo ter a casa sempre num brinco mas é só bom controlar o caos e que a tua mãe não repare nisso.
Que era óptimo que dormissem até às 11h mas até as 8h já não é mau. Óptimo que comessem tudo mas não fazerem birra é espetacular.

E dei por mim estramente confortável com esta coisa do bom. Tão tão confortável que me parece óptimo.

Olhó workshop da Laurindinha

A minha mãe viu o workshop da Laurinda e como a licença está quase acabar, a mãe quer fazer tudo o que ainda conseguir e faz muito bem porque assim a filha mais velha vai atrás.

Falou-me do workshop e olhamos uma para outra e já estava um sim nas nossas caras.

O workshop falava de comunicação e tal, como a minha mãe já escreveu. 

Acho excelente porque eu sou uma trapalhona e preciso de truques para comunicar e a minha mãe porque há sempre alguma coisa a melhorar.

E assim se deu o workshop de comunicação e realmente foi distinto porque não foi só dar-nos os truques, pois o que para mim pode ser um truque para o outro não é nem se aplica na vida dele, cada um tem uma maneira de comunicar e é aí que tem que se dar valor e melhorar.

Foi assim que cada um levou o que aprendemos para a vida pessoal, para o trabalho, para a faculdade, para aquele amigo com quem não se comunicou bem ou para o outro a quem tivemos a lata de dizer que não percebe nada e se calhar quem não percebeu fomos nós ou nem demos a oportunidade.

A Laurinda ensinou-nos a valorizar tudo e todos, nunca é de mais, a ver o bem das coisas, analisarmos o porquê de estar a correr mal, ajudou-nos a treinar o feedback, a comunicar com clareza e objetividade, a perceber onde está o nosso erro ou onde temos potencial com atividades dinâmicas.

Desafio qualquer pessoa a fazer este workshop, tenhas vinte, trinta ou quarenta anos, vai porque vais parar para pensar em ti e nos outros.

Vais-te aperceber onde erraste e onde ainda podes melhorar, às vezes não falhamos só com os nossos amigos, também erramos com os nossos filhos ou com os nossos pais.

Para além de aprenderes mais, levas uma amiga para a tua vida, a Laurinda.

Ps: Laurinda prepare já um próximo workshop e com uma sala ainda maior.

Ps1: Obrigada e a minha mola já está agarrada a si. 





9/10/2015

comunicar bem com a laurinda [e não só]

absolutização dos pontos de vistas, body language, elos inconscientes, argumentação/presunção, feedback, distanciamento critico, capacidade de resumo, clareza e objectividade. comunicação que é relação e relação que é comunicação.

parece simples ou complicado, dependendo da profundidade que lhe dermos, e de repente a Laurinda com estes chavões mostra-te todo um mundo comunicação que nem te apercebias bem. o potencial extraordinário da comunicação, da maneira como nos relacionamos, do que dizemos e não dizemos e tudo o que significa o que ficou por dizer. ou nos ofendeu, ou nos fez crescer. o perceber-nos no outro e no que ele nos devolve. o que no inconsciente significam as nossas fragilidades e seguranças. ferramentas que trazes e nem dás conta. pegar nos erros comuns e perceber como passam a ser mais valias. no trabalho, no amor ou em todo o lado.

não conhecia a Laurinda, era uma fã moderada porque na verdade nunca lhe tinha dado muito do meu tempo. e de repente aparece um tal workshop que ia fazer no meu facebook. olhei para a tania e pensei que devíamos ir as duas. até nem acho que sejamos más comunicadoras mas há um potencial gigante de melhoria e fazia sentido fazermos isto juntas, ela nas suas fragilidades e eu nas minhas. generosidade da Laurinda desde o primeiro minuto e de repente estávamos 15 estranhos a comunicar intuitivamente cheios de comunicações que são relações e relações que são comunicações.

o que vos digo e vos aconselho, é que se virem por aí a Laurinda a agarrem à louco e lhe peçam para que vos faça um workshop. parece que só faz de vez em quando  que é uma pena. Sou fã nº 1 desde há 3 dias.

Obrigada Laurinda, obrigada joão, pedro, marta, manuela, francisca, carminho, rosarinho, teresa, luisinha, tiago, rodrigo, antónio, filipa [raios falta alguém que o nome não sai] pelo que deram de vós e levaram de mim.

9/09/2015

Filhos com necessidades especiais

Alguém em conversa me perguntava, em tom de dizer, que um filho com necessidades devia ser um desafio muito maior. Que devia ser muito mais difícil de criar. Fiquei assim meia sem saber o que dizer porque a verdade verdadinha é que não sei.

É verdade que ele tem necessidades e é verdade que algumas delas são mesmo especiais. Mas também é verdade que ele tem o que precisa mais identificado. Sabes que ele tem dificuldade ali e tratas aquele problema e porque tás sempre mais atenta vais sempre sabendo o que é preciso a cada minuto. Mais método menos método vamos acertando ou pelo menos andando de olhos postos no bicho.

Nos outros não tanto. Deixas mais crescer como as arvores. E estas férias dei por mim a olhar para o nézinho que, no meio de todo o fácil que é, sente-se sempre melhor acompanhado do que sozinho. Que é super mega hiper organizado e isso é bom mas às tantas quer dizer qualquer coisa que eu devia explorar melhor. Ou a sua irritação quando o contrariam e que aparentemente não passa com treino de contrariar.

Ou a tania que precisa de mais segurança. Ou só de validação como todos. E de tempo nosso só para ela. Tempo que dê para revermos tudo o que vai no coração ou só nos apontamentos.

O xavi que foi preciso muito tempo e persuasão para o ajudar a gostar da lata e adormecer na tranquilidade.

Não são necessidades de cromossomas ou terapias se calhar. ou se calhar são. E são sem dúvida especiais e por não terem o foco constante vão vivendo na sombra [as necessidades] e um dia podem tornar-se elefantes. [Grandes e selvagens] e depois o que não era problema nenhum fica uma cena complicada.

melodramas à parte este verão o zé foi o último nas minhas preocupações. Porque não precisava. Não que os outros tenham sido um cabo dos trabalhos mas a verdade e que também têm necessidades bastante especiais e passam mais ao lado.

Sei que vamos falhar mais que muitas vezes mas uma das que queria mesmo acertar era que fossem sempre todos especiais e que conseguisse mesmo chegar às suas necessidades. E que sempre que possível crescecem só como as árvores para eu não os estragar muito.

9/06/2015

pontos nos is

deixar o castelo e ir.
seguir a sugestão de alguém sem duvidar muito.
levas saco de cama e uma filha pela mão, é ela que nos leva ali e isso é fixe.
deixar os rapazes com os avós e vais.
lancheira, saco de cama e uma mala. trocas um castelo por um colchão de ginásio cheio de gente sem perceber como.
e paras. paras para pensar e realinhar. paras para decidir e pôr tudo em causa. páras um fim de semana inteiro para sair de ti e pensar em tudo o que queres e ainda tens por fazer.
agradeces tudo o que tens e realizas a sorte imensa. pensas em cada um e como no imediato os podes ajudar a ser mais, pensas como tu podes ser mais.
sais da caixa e de tudo o que te deixa confortável. fazes um auto-exame para perceber onde podes melhorar para ser mais feliz, tomas notas e alinhas estratégias.
estás bem assim na verdade, mas só se vive uma vez o melhor é ir definindo caminhos para não ficar nada importante por fazer.
mais de trezentos jovens contigo e conversamos todos de como chegar mais longe. dos problemas actuais, das histórias antigas, das nossas vidas. jovens como eles e adultos como nós.
pessoas com vidas totalmente diferentes, de sítios diferentes.
worshops, palestras, discussões e opiniões. verdades.

e todos juntos no silencio acendemos velas e rezamos. 
pedimos por tudo isso. por mais, por menos, por tudo e por nada. agradecemos. e vais sendo iluminado, mais ou menos encadeado.

recarregas baterias e sais organizado. mais pronto para seguir e mais orientado.

vale a pena arriscar a ir sem pensar muito. vale a pena parar para definir estratégias. vale a pena quase tudo para a alma não ser pequena.

obrigada madalena pelo convite. obrigada aos jesuitas pela aventura. saí de lá um bocadinho mais amada, obrigada.

9/05/2015

Um mês de validade

Um mês mais de licença. Um mês a mais que das outras vezes. Um mês para o fim da liberdade de os ter só para mim. Um mês para lhes organizar a vida, a casa, as rotinas. Um mês para liberdade minha, só minha.

A um mês disto tudo sinto que tenho de viver tudo ao mesmo tempo que quero parar e só saborear isto.
Vai ficar mais curto o tempo, vou fazer menos escolhas e por isso toca a aproveitar.
O mote tem sido digo sim a tudo o que me for surgindo e que se calhar pensaria duas vezes. E quando não tou a fazer isso tou só onde estou a aproveitar. Sem complicar muito.

Reler a listabde tudo o que disse que ia fazer e checkar tudo para não falhar nada. Gozar o momento.
E depois seguir para o próximo que não é mau. Recuperar esta massa cinzenta, voltar a trabalhar em equipa e dar o litro. Reencontrar essa realização que também conta.

Um mês para se calhar nunca mais ter esta vida. Assustador. O melhores mesmo é nem pensar muito nisso e só aproveitar a cena.

9/04/2015

EnCandeia

Estive uma semana na candeia, num campo de férias. Não é um campo de férias que todos conheçam, mas foi onde conheci a minha mãe e para mim é O campo de férias. Este campo é para crianças de instituições, é uma semana no verão dedicada a elas e somente a elas. Os animadores fazem por isso, passam o ano a trabalhar para no verão termos os campos e não faltar nada, nada do essencial. Chega o campo e vivem como se fosse a primeira vez. Passam o dia a mimar, a jogar, a ensinar músicas e jogos, a ouvir histórias e a receber o dobro. Já estive do outro lado durante alguns anos e é bem mais fácil, é mais fácil desistir, mais fácil descomplicar, é mais fácil fazer a birra. No entanto, é tão mais desafiante ser animadora, tão mais difícil facilitar, tão mais difícil descomplicar a birra e depois de muito cansaço acumulado e poucas horas de sono tudo parece mais complicado. Mas as crianças ensinam-nos a desligar do nosso mundo, do nosso dia a dia e ensinam-nos a estar ao nível deles, a saber do que eles gostam e a viver com os interesses de cada um. É dificil quando chega o último dia e temos que os deixar. Uma semana passa rápido e só de imaginar que depois daquela semana eu já não vou receber um abraço ou desconstruir uma birra, ou mostrar que nada é difícil se não complicarem... pelo menos ali, no nosso espaço, onde não entra quem não quer. Porém, é reconfortante quando se volta ao mundo exterior e à rotina e saber que tivemos uma semana completamente diferente, que fizemos a diferença e sobretudo que todos os dias conseguimos fazer felizes aquelas crianças.